Moda
Pit-Stop Basico no Neoclassicismo
Depois de dar um passeio pelo Renascimento, é hora de fazer um pit-stop no Neoclassicismo!
Então guarde a peruca pra não perder a cabeça!
Lembra aquele Projeto de História da Moda que eu estava ajudando meu amigo Pedro com minhas fanarts? Pois é, na semana passada eu falei um pouco sobre o
Renascimento, hoje vou falar sobre o Neoclassicismo ;)
No final do seculo XVIII e inicio do XIX o mundo estava virando de cabeça pra baixo... Aliás, não só de cabeça pra baixo, mas sem cabeça também, já que muitas tinham rolado dando um basta na ostentação da nobreza e realeza francesa... Mas nem por isso deixariam o luxo de lado, afinal, a burguesia pode não ter sangue azul, mas tem muito dindin no bolso ;)
Marie Antoniette já tinha introduzido roupas mais simples e leves em estilo campestre no final da decada de 1780 (e foi um bafafá, mas falarei disso em outra oportunidade), deixando as sedas e brocados para ocasiões mais solenes, e abusando de musselines, um tecido semi-transparente que virou hit durante os primeiros anos do mundo pós-revolução francesa.
E é esse vestido campestre, o "Chemise à lá Reine", o precursor dos vestidos de silhueta império que vigorariam nos proximos 30 anos. É... Marie Antoinette ditava moda mesmo depois de morta! ;)
Contraste entre o vestido de corte, e o chemise à lá reine de Marie Antoinette
(1780s)
Mas vamos fazer as coisas direitinho, né?
O Neoclassicismo é sub-dividido em 3 periodos diferentes, o Diretório (1784-1799), o Império (1800-1815) e a Regencia (1816-1825), e apesar de todos manterem a silhueta império como caracteristica principal (aquela da cintura alta), todos tem suas respectivas singularidades. Pense nos filmes da Jane Austen, e você terá o visual certinho do Neoclassicismo!
Agora voltemos ao projeto do
Pedro Venanci, aonde 7 casais representaram a moda desse periodo, e de quebra ainda teve uma apresentação de balé, o programa mais classe A da época! :)
Mesmo com a cintura bem mais alta, e a aposentadoria das perucas e dos paniers (a armação que se usava embaixo das saias pra dar aquele volume lateral que pra sentar, a mulher precisava de um sofá de 3 lugares ao invés de uma poltrona simples, rsrs), os vestidos ainda tinham um certo volume que iria sumindo durante boa parte do neoclassicismo. As grandes beldades da época passaram a se vestir como verdadeiras deusas gregas, com vestidos leves de tecidos transparentes como uma espécie de protesto ao estilo exagerado da década anterior, ou seja praticamente nuas se comparadas com o que o mundo estava acostumado... Um verdadeiro escandalo!
Diretorio (1794 - 1799)Como a mulherada curtia o look grego, os penteados ficaram bem mais simples, com coques altos e muitos cachinhos soltos caindo nas laterais, mas como algumas coisas básicas nunca saem de moda, uma pluma no cabelo sempre era muito chic e bem vinda!
Madames Tallien e Récamier representadas na apresentação
(cerca de 1799)
No fim do Diretorio, com a expedição de Napoleão ao Egito, os turbantes e bandanas largas viraram moda junto com a egitomania! E com isso, muitas flores de lótus, papiros e elementos da Terra dos Faraós viraram estampas e bordados dos modelitos das mais antenadas.
E para representar o Diretório, duas meninas encarnaram as beldades da época, Thérèse Tallien e Juliette Récamier, acompanhadas de seus respectivos maridos, François, de Chimay e Jacques-Rose Récamier.
Império (1800-1815) Em 1800, com a ascenção de Napoleão, começa o Imperio. E Napoleão que não era bobo nem nada, tinha se casado com uma das mulheres mais lindas da época, Josephine de Beauharnais, o maior icone fashion do momento (by the way, Josephine de Beauharnais, Thérèse Tallien e Juliette Récamier eram as mulheres mais lindas e influentes do pedaço! Todas queriam ser como elas)! Josephine era linda, refinada e atrevida, adorava vestidos com caldas enormes e golas elizabetanas e foi copiada por todas as mulheres do mundo inteiro! E é claro que nossa fashionista mor, Carlota Joaquina, não poderia ficar de fora!
Vestido da Coroação de Josephine de Beauharnais (1804)
(esse vestido não foi reproduzido pro projeto)
Carlotinha amava moda, e fazia altas contas nos modistas e joalheiros, pro D. João pagar, claro! E como mulher espanhola fogosa que era, ela abusava do sex appeal com cores quentes e vibrantes, e sua favorita era o vermelho, obvio! Já viu amante latina não gostar de vermelho? Nem eu! hahahaha
Quando a familia real veio para o Brasil, Carlota e seus turbantes (por causa dos piolhos que ela pegou no navio) se tornaram sucesso absoluto entre a mulherada da corte carioca! Carlota não era Josephine, mas também era icone fashion, tá meu bem! :P
Carlota Joaquina usando um vestido inspirado no estilo de Josephine de Beauharnais
(cerca de 1805)
Portanto, Josephine e Carlota Joaquina não poderiam ficar de fora, devidamente acompanhadas por Napoleão e pelo Marquês de Marialva, o amante mais famoso da nossa fashion diva neoclassicista (já que ela não suportava o marido).
Vestido com mangas em "gominhos" renascentistas (cerca de 1810)
representando Josephine de Beauharnais.
Regência (1816-1825) Por volta de 1810, o estilo grego foi perdendo força, sendo substituido por elementos renascentistas. As mangas passaram a ganhar "gominhos" adornados com todo tipo de fitinhas, lacinhos e rendinhas pra ficar com um aspecto mais elizabetano. Até os rufinhos voltaram à moda por volta de 1815! As saias começaram a ter seus barrados cada vez mais trabalhados com muitos babadinhos, rendinhas, recortes, bordados, já trazendo vários elementos romanticos que seriam praticamente obrigatorios pro estilo que chegaria em breve.
Vestido de viúva com rufo e mangas em "gominhos" de Madame Stampa de Stoncino
(1822)
Aqui no Brasil, essa moda chegou junto com a princesa Maria Leopoldina da Austria, a nossa primeira imperatriz!
Leopoldina era a antitese de Carlota, sofisticada, educada, discreta, seus vestidos eram lindos, luxuosos (embora quentes demais pro clima tupiniquim)... Leopoldina era uma verdadeira dama! E é claro que toda a corte também passou a imita-la!
Vestido de coroação de Maria Leopoldina da Austria e sua versão adaptada para o Projeto
(1822)
Pra representar esse finzinho do Neoclassicismo, foram escolhidos Maria Leopoldina da Austria e D. Pedro I, Madame e Messier Stampa de Stoncino, e a bela Auguste Strobl, acompanhada por Ludwig I, Rei da Bavária.
A bela Auguste Strobl com um vestido de transição entre a Regencia e o Romantismo
(1825)
Quer ver fotinhos neoclassicas do Projeto? Então clica
aqui!
Ai gente, não sei você, mas eu acho esse período tudo!!! Isso sem falar que nunca sai de moda, né?
Dá pra pegar modelos dos vestidos dessa época e usar hoje sem parecer que saiu de um quadro de galeria de arte! Muito estiloso!!!
Fanart do Pedro como Fraçois de France
(eu não faço masculino, mas abri uma excessão)
Pedro, super valeu por essa viagem fantastica e divertidissima pelo Renascimento e pelo Neoclassicismo, dois periodos que eu realmente AMOOOO!!!
:D
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