Década de 1910 e 1920: 1º Guerra Mundial e Anos Loucos
Moda

Década de 1910 e 1920: 1º Guerra Mundial e Anos Loucos


Vestido "barril"
Como vimos na postagem sobre a moda na Belle Époque e na Era Eduardiana,  no começo dos anos de 1910, ocorreram mudanças significativas na moda feminina, como o banimento dos corsets, o orientalismo e as revoluções estéticas de Madeleine Vionet, Paul Poiret e Coco Chanel. Com a 1º Guerra Mundial, os homens no front de batalha e as mulheres entrando no mercado de trabalho, as roupas deveriam ser práticas, simples, de tecidos baratos e duradouros. Roupas extravagantes não ficavam bem em épocas de guerra. A Guerra abafou a moda e não aconteceu nenhuma mudança durante os anos em que se seguiram (1914-1918).
Em 1919, as saias amplas foram substituídas por uma saia em formato de "barril", a tentativa era dar ao corpo feminino um formato de cilíndrico. 


A roupa de banho também causava escândalo, os maillots (maiôs), diminuiam cada vez mais, chegando até as virilhas.
Na praia de meia e sapatilhas (1917):



Ao contrário do que muitos pensam, os vestidos femininos dos anos 20 de uso diário não eram curtos, variavam entre a altura do tornozelo e da batata da perna. Esse engano se dá porque restaram da época muitos vídeos e fotos de festas noturnas onde se dançava o Charleston



As roupas eram coloridas, brilhantes, de tecidos leves, com texturas e padrões. 


Os vestidos curtos se limitavam ao uso noturno e chegavam no máximo até abaixo do joelho, cerca de 45 a 50cm acima do chão, mas essa moda foi breve, durou entre 1926 e 1928. As saias "curtas" foram condenadas por religiosos em diversos países e abalaram uma estética de "corpo coberto" que vinha de séculos. Leis multavam "saias de comprimento inferior a 8cm acima dos tornozelos", mas foi tudo em vão, uma nova mulher havia surgido.

Para à noite, as saias traziam uma sobre-saia de gaze mais comprida ou eram mais compridas atrás do que na frente, em tecidos como lamê, renda do tom de ouro velho ou musseline de seda preta. 

 
 

Muito dessa vibração revolucionária, desta alegria pós guerra, se perde nas fotografias em preto e branco que restaram da época. Fotografias essas que não mais retratavam apenas a classe alta, como até então acontecia, muito do que restou dessa época é referente também à classe média. 

 


Nos anos 20, a moda se tornou pela primeira vez, acessível para todos. Como as roupas da época eram fáceis de fazer, muitas aprenderam a costurar e faziam roupas em casa, assim, as roupas baratearam. Os ricos vestiam trajes de seda à noite, mas a massa populacional encontrou sofisticação nos vestidos de forma reta.

Entre 1920 e 1928, a venda de corsets caiu 2/3 em seu lugar as mulheres usavam muitas variedades de camisolas e os primeiros modelos de sutiãs.


As meias e os calçados assumiram destaque, já que agora eram bastante visíveis. Por conta disso, uma imensa variedade de meias de seda surgiram nas cores do arco íris, rendadas, com padrões diferenciados, em tons de bege e as populares meias pretas eram o símbolo da mulher elegante. 



Já os calçados ganharam variedade, agora à mostra devido aos vestidos mais curtos, eles deviam ser escolhidos com cuidado: com bicos arredondados, saltos, fivelas, laços, Mary Janes com tiras no tornozelo. O sapato se torna um importante acessório para a moda e passam a serem fabricados em massa.

O ideal erótico era a androgenia: as moças procuravam ter aparência de rapaz disfarçando suas curvas. As mulheres que usavam a moda dos vestidos retos, soltos e na altura dos joelhos eram chamadas de "melindrosas" e causavam escândalo quando o joelho aparecia ao dançar o jazz e o Charleston
E como rebeldia final, surge o corte à la garçonne, que recebeu esse nome devido ao romance de Victor Margueritte. Os cabelos eram cortados curtinhos, lisos, evidenciando a forma da cabeça, sendo quase impossível distinguir um menino de uma menina, exceto pelos lábios carmim em formato de coração, os olhos pintados de preto e as sobrancelhas desenhadas com lápis. As musas do cinema hollywoodiano dos anos 20, aderiram à essa estética e ajudaram a difundi-la ao grande público.
Com a redefinição da feminilidade, agora as mulheres fumavam em longas piteiras, bebiam e retocavam a maquiagem em público, ações antes inaceitáveis.
O chapéu cloche, era uma febre e impossível de se adequar à cabelos compridos, já que para ser bem vestido ele precisava se encaixar na cabeça e cobrir a testa. Aliás, cobrir a testa era lei, seja com chapéus, lenços ou franjas, as testas estavam definitivamente fora de moda nos anos 20.

Corte à la garçonne, testas cobertas, chapéu cloche e maquiagem:


  

Em 1929, bainhas assimétricas ajudaram a fazer com que o comprimento das saias voltassem a ser mais longos.
Na moda, Coco Chanel revolucionou a década de 20 encontrando mais tarde uma rival: a italiana Elsa Schiaparelli. Essas duas estilistas são peça importante dentro de toda a revolução artística da época. Elsa Schiaparelli fez grande sucesso, o que ela fez de inovador foi a introdução de roupas de boa qualidade para a classe trabalhadora. Apesar de simples, as roupas tinham muita elegância e eram muito copiadas. Já Coco Chanel trabalhou com tons neutros e com tecidos moles e fluidos em cortes de formas simples que valorizavam o conforto. Ela foi uma das primeiras mulheres a usar calças, cortar os cabelos curtos e rejeitar o espartilho, promovendo a emancipação e a liberdade da moda feminina.

As Ziegfeld Girls (1907-1931), coristas de espetáculos teatrais, tinham adoração popular.  

 

Na moda masculina houveram dois períodos distintos. No começo da década, os homens usavam terno curto, casaco e os fraques eram usados em ocasiões formais. A moda foi influenciada pelos uniformes militares da primeira guerra, como as calças retas, estreitas e curtas mostrando as meias. Em 1925, calças mais amplas entraram na moda, os paletós voltaram a ter cintura no lugar e as lapelas se tornaram maiores. 



O homem da década de 20 abandonou as roupas excessivamente formais em troca de peças mais esportivas (o terno do homem atual é baseado no terno do homem dessa época). As camisas do traje a rigor tinham punhos independentes de linho engomado, com abotoaduras de couro ou madrepérola. Sobre a camisa: peitilho de linho engomado. Para a noite o smoking garantia o ar esnobe e discreto em tons de azul ou cinza escuro, meias e gravata combinando e  um lenço branco no bolso esquerdo do paletó. 


 

Os homens andavam sempre bem barbeados, com cabelos curtos e penteados para trás. Bigodes curtos e rigorosamente aparados.  Botinas, gravatas coloridas chapéus arredondados. Os cidadãos de classe alta geralmente usam cartola, os de classe média ou usavam fedora ou um chapéu de feltro e o chapéu de palha era popular no verão, os homens da classe trabalhadora usavam um boné "newsboy" ou nenhum chapéu.



Na medida que a década de 1920 foi chegando ao fim, as saias foram gradativamente voltando a ser compridas e a cintura retornou ao lugar certo. O chapéu cloche foi deixado de lado, os cabelos cresceram, as mangas compridas retornaram. A festa havia acabado: a queda da bolsa de Nova York e a ascencão de Hitler deram início aos anos 1930: uma época de ombros largos, quadris estreitos e as costas sendo eleitas a mais nova zona erógina de uma mulher.

O texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.





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