A Moda na Era Rococó
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A Moda na Era Rococó



Se para nos lembrarmos da era Barroca, a referência é a história de "Os Três Mosqueteiros", para se lembrar da estética Rococó, basta se lembrar da Rainha Antonieta, da França.
E mais uma vez, assim como em qualquer era, a melhor forma de identificar as roupas do período é através de obras de grandes artistas. Uma grande vantagem dentre os períodos anteriores, é que há muita referência visual desse período.

O Rococó (1730 - 1789) foi um estilo artístico surgido na França como desdobramento do Barroco. Se a imagem barroca era feita de luz e sombra influenciado pela religião luterana, os retratos do rococó eram eram ao ar livre ou com muita luz,  a vida era baseada nos prazeres profanos da aristocracia francesa.
Inicialmente usado como decoração de interiores,  passou da arquitetura para todas as formas de arte. O estilo era inspirado nos prazeres da vida mundana,  com temas sobre a nobreza, o luxo da aristocracia e delicadeza nos motivos e nas cores; caracterizado pela abundância de formas curvas e de elementos decorativos como conchas, arabescos, flores, frutas,  conchas, laços e flores.
Tons pastel, sensualidade discreta, festas ao ar livre, elegância, alegria, frivolidade e exuberância são acaracterísticas deste estilo quando conectado com a moda. O requinte era acentuado pelos tecidos que eram normalmente cetim, brocados e rendas, principalmente em tons pastel.

A moda feminina até meados do século XVIII: um dos trajes típicos do rococó era o chamado vestido à francesa que era composto por uma saia, uma sobresaia e um pedaço de tecido triangular que cobria o peito e o estômago e era encaixado numa abertura frontal do vestido, o busto podia ser adornado com fitas. Essas peças iam por cima de um corset e a saia possuía uma armação lateral. Estes vestidos ainda eram enfeitados com babados, amarrrações, fitas e flores artificiais, tudo muito excessivo, porém harmonioso, sofisticado e delicado. Nesse período, a roupa interior tornou-se importante assim como os penteados e os acessórios  como leque e luvas. 
A moda masculina até esse período era ricamente decorada, o que os dava  um aspecto afeminado, cheio de fitas e rendas. Com coletes e calças até o joelho complementadas com meias brancas.



Marquesa Madame de Pompadour:

Lá por 1760, os cabelos femininos que eram penteados baixos, começaram a se elevar a partir de um altíssimo topete saindo da raiz dos cabelos e esticado sobre uma almofada, chegando até quase um metro de altura e cobertos de plumas. Cachos caíam dos lados e a estrutura era mantida por longos grampos. Essa almofada, que provocava dores, foi substituída com o tempo por uma armação de arame onde o cabelo era enrolado com ajuda de mechas falsas.

A partir da década de 1770, começa-se uma anglomania na França, incorporam-se certos costumes ingleses como o de passear pelo campo e desfrutar o ar livre.
O vestido de corte mais representativo desse momento tinha uma saia estendida lateralmente mediante amplas ancas, uma extravagância usada como modo de defesa da nobreza para demonstrar poder exagerando no refinamento na opulência. Afinal, os imensos penteados eram adornados com carroças, cestas de frutas, moinhos, animais, barcos, todo tipo de fantasia escapista incorporada pelo conceito de Jean Jacques Rousseau de “retorno a natureza”.

Maria Antonieta foi uma das precursoras do estilo que iria refletir esse tema "natureza" e que era influenciado pela anglomania. Tentando escapar dos rigores da vida na corte, a jovem rainha começou a vestir-se com um simples vestido de algodão e um grande chapéu de palha. Ela imaginava ser uma pastora e para tanto criou um ambiente perfeito num chalé dentro dos jardins do Palácio de Versailles.Talvez uma forma escapista de fugir da decadência da monarquia e de seu futuro nebuloso.

Retratos da Rainha e cena do filme Maria Antonieta:



As roupas femininas desta segunda metade do século XVIII eram tão exageradas que o volume e peso das roupas dificultavam o andar. As saias eram extremamente volumosas e muito estendidas lateralmente, a parte de cima do corpo era afinada pelo uso dos espartilhos, mas deixavam os sapatos à mostra. Os sapatos femininos eram delicados e enfeitados. Em mais quantidade que no começo do século, eram usados as rendas e os brocados em laços e flores por homens e por mulheres. A maquiagem, também era um diferencial de status pois apenas as mulheres da corte podiam utilizar círculos bem definidos de blush um vermelho intenso nas bochechas. Aqueles penteados imensos eram empoados de branco e intocados por meses, viravam abrigos de piolhos, fazendo com que uma vareta comprida, o "coçador" fossem enfiadas dentro do penteado tentando aliviar a coceira. Os chapéus eram permitidos apenas para as pessoas mais abastadas. Toda essa elegância das pessoas da corte era para um estilo de vida cômodo e muitas horas de ócio.



Cena do filme Orlando com a atriz Tilda Swinton:



A roupa de homem nesse período ficou mais simples; o gibão transformou-se no fraque. As calças eram justas até os joelhos, usavam camisa, colete, casacos largos,  golas baixas, meias e sapatos de salto. Os cabelos ou as perucas eram amarrados atrás em rabo de cavalo.
Lentamente a estética escapista rococó desapareceu e sua delicadeza foi substituída pelos violentos anos da Revolução Francesa.




A Revolução Francesa basicamente foi a revolta do povo contra o governo e moldou a França a forma como conhecemos o país hoje. Entre as heranças dessa revolução está  a  gastronomia, pois os cozinheiros dos palácios tiveram que procurar emprego nos restaurantes populares, fazendo com que a cozinha refinada ganhasse as ruas;  outra herança é que tornou-se um padrão a cor branca , véu e guirlanda de flores como símbolo da inocência virginal das noivas, pois era a forma que as moças da época rococó se casavam.







O texto foi escrito pela autora do blog de acordo com pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar o texto na íntegra para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas. 



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