A Moda e o Tempo: O Homem Vitoriano e sua Barba
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A Moda e o Tempo: O Homem Vitoriano e sua Barba



A Moda e o Tempo:  O Homem Vitoriano e sua Barba

Veja as outras partes desta sequência:
A Moda e o Tempo Parte 1: A Revolução Romântica na Moda
A Moda e o Tempo Parte 2: Os Primeiros Vitorianos
A Moda e o Tempo Parte 3: O Homem Vitoriano e sua Barba
A Moda e o Tempo Parte 4: Mulheres Vitorianas


Com o passar dos anos no século XIX, os estilos de moda para os dois sexos foram se tornando mais maduros. Os homens, em meados do século, abandonaram gravatas coloridas, casacos elegantes, calças justas e sapatilhas baixas. O homem ideal deixava de ser um jovem magro e romântico; agora era grande e sólido. Durante a parte final do século, a frase "uma bela figura" implicava dimensões que hoje sugeririam um amante da boa vida e com ataque do coração iminente.


As roupas masculinas ressaltavam essa aparência de tamanho exagerado. Casacos e calças folgadas sugeriam ou acomodavam o excesso de peso; a altura era aumentada com botas de salto considerável e uma cartola alta e impecável. As cores escuras começavam a dominar, e por volta da metade do século, o preto era  a única cor respeitavel para um traje à rigor. Em público, o homem na moda sempre segurava uma bengala ou um guarda chuva fechado como sinal de poder e autoridade masculina. No tempo frio usava um pesado sobretudo, mais pesado ainda pelo acréscimo de mais uma ou duas capas; às vezes, essa roupa era tão comprida e larga a ponto de sugerir a toga (tradicionalmente associada à idade e à autoridade).


A barba e o bigode, que entraram na moda durante a segunda metade do século XIX contribuíram para a aparência de maturidade. Para um historiador social, o fenômeno é impressionante já que durante os 150 anos anteriores, a maioria dos homens na Inglaterra e América se barbeava; as suiças eram tão raras que em 1794, uma mulher da Filadélfia ficou espantada ao ver dois homens de barba numa rua daquela cidade. A barba cheia, não aparada, principalmente, era um sinal de extrema velhice e/ou negligência e excêntricidade, possivelmente até mesmo loucura, como a espessa barba branca do rei George III, no final de sua vida. O ostracismo ou coisa pior costumava ser o destino daqueles que se recusavam a se barbear. Em 1830, um homem barbudo chamo Joseph Palmer mudou-se para Massachussets e ninguém na cidade falou com ele. Crianças lhe jogavam pedras, um grupo o atacou tentando barbeá-lo à força, ele puxou uma faca e foi preso por agressão. Enquanto ele estava na cadeia (e de barba) ocorreram sinais de que os tempos estavam mudando. No começo dos anos de 1800, alguns homens deixaram crescer suiças dicretas, e por volta da década de 1820 e 1830 algumas delas como do romancista inglês Edward Bulwer-Lytton e do conde Alfred d'Orsay começaram a se "mover" em direçao ao queixo. Em 1852, a Tait's Edinburgh Magazine profetizou o retorno da barba e durante os anos seguintes foi dito que a natureza e à saude a favoreciam.

Em meados do século XIX, o ideal masculino era ser um homem corpulento em trajes majoritáriamente negros e com barba.


 


Então, subitamente, homens de todas as idades e profissões começaram a deixar o pêlo do rosto crescer. Por volta de 1860, barbas, bigodes e suiças (depois conhecidas como sideburns) estavam em todos os lugares públicos. Este fenômeno nunca foi totalmente explicado. Alguns atribuiam à guerra da Criméia e/ou Civil americana quando soldados sentiam dificuldade de raspar a barba regularmente. Isso pode ter contribuído mas vale lembrar que a barba  não se popularizou nas guerras anteriores, quando se barbear era uma atividade ainda mais difícil. Qualquer que tenha sido a causa de sua moda, a barba se ajustou à imagem do homen do fim do seculo XIX. O jovem romântico foi substituído pela prosperidade vitoriana e a própria Rainha Victoria não era mais uma jovem esbelta e sim uma matrona gorducha. Agora se queriam homens na plenitude da vida: de autoridade, peso, e substantcia (inclusive no sentido fisico).

Barbas (aparadas ou não) com suíças ou com bigodes de ponta foram moda a partir de 1860.


 


Em 1854 uma publicação dizia que a barba era "identificada com austeridade, dignidade e força" e era o único complemento da verdadeira masculinidade. The Illustrated Book of Manners dizia: "a barba cheia é mais natural, confortavel, saudável, expressiva, digna e bela... A natureza deu ao homen a barba para uso e beleza... os Deuses e heróis usavam barba..."


Historicamente o reinado universal da barba foi breve, no começo de 1880, começou a desapercer ou melhor, a encolher. Suiças e bigodes permaneceram, alguns luxuriantes! A partir de 1890 até 1920, a maioria dos homens só deixava crescer o bigode. As razões para essa mudanca não se esclareceram. O bigode (assim como a barba), tende a envelhecer - embora não tanto. Sugere dignidade e autoridade, no entanto não parece ter relação com a idéia de patriarcado, sabedoria ou fé religiosa. Talvez à medida que a familia vitoriana diminuía sua estabilidade e tamanho com o declínio da taxa de natalidade e a participação cada vez maior das mulheres como força de trabalho, cada vez menos homens queriam se parecer com o Pai de Todos Nós.

Bigodes luxuriantes a partir de 1880:

 


O texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.

Fonte: livro A Linguagem das Roupas
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.





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