O isolamento de Paris e da Inglaterra fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Com as menores restrições nos EUA, criou-se um mercado totalmente nacional e independente da Europa. Foi lá que se criou a moda para o mercado de massa, o tipo de moda que consumimos hoje: o chamado "ready-to-wear" (pronto para usar), que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala. Através dos catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes. Com isso, o ready-to-wear, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir.
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O Biquini |
A guerra acabou em 1945 e em 1946, Louis Reard lançou uma novidade: o biquini, posado pela modelo Micheline Bernardini. A peça recebeu esse nome porque a notícia do momento estava no Pacífico Sul, no Atol de Bikini: os EUA estavam fazendo testes nucleares naquele lugar. Assim, supunha-se que a mulher de biquíni provocava, na época, o efeito de uma "bomba atômica". No início as mulheres não estavam preparadas para usar peças de vestuário tão reduzidas, mas o cinema ajudou a popularizar a peça como instrumento de sedução.
No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade. Entretanto, depois de crises, a moda costuma apresentar tendências para luxo e nostalgia de eras “seguras”. Então, o francês Christian Dior fez em sua primeira coleção, apresentada em 1947, que surpreendeu com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos altos. O estilo baseava-se nas roupas de 1860. Carmel Snow, editora da revista Harper´s Bazaar, ao ver as peças, exclamou "It´s a new look!" e foi assim que a coleção ficou conhecida. As saias deveriam ser 40cm acima do chão, eram também bastante amplas. Um vestido podia exigir até 25 metros de tecido e o estilo acentuava e exagerava as formas femininas graças a roupas íntimas com barbatanas, anáguas e tecidos engomados. O New Look provocou controvérsias em todo o ocidente, sendo desaprovado pelos governos do Reino Unido e EUA e as pessoas eram desencorajados a usar roupas que "desperdiçavam" tecido. Mesmo assim, o New Look dominou o mundo por mais 10 anos, se tornando a característica padrão da moda dos anos 50.
A roupa masculina também foi afetada pela nostalgia. Os alfaiates agora produziam looks imitando a Era Eduardiana: paletós compridos e justos abotoados até o pescoço, calças apertadas e chapéu coco com abas viradas. Os homens estavam ivres das fardas, os ternos escuros ficaram menos formais e era permitido trabalhar com calças mais esportivas.
No final da década de 40, a silhueta já estava bem mais leve e as saias mais rodadas, influênciadas pelo New Look Dior e as tão desejadas meias calças, ítem fundamental pra exibir pernas perfeitas com saias curtas, voltaram ao mercado.
Algumas atrizes famosas dos anos 40 eram: Bette Davis, Ingrid Bergman, Judy Garland, Joan Crawford, Lucille Ball, Rhonda Flemming e uma de minhas atrizes preferidas da Hollywood antiga: Veronica Lake.
Na década de 40, uma artista se destacou: Carmen Miranda foi a primeira brasileira a lançar moda em Hollywood, o Mirandalook. Suas características latinas e visual super tropical fizeram de Carmen uma celebridade nos EUA, sendo a atriz mais bem paga de Hollywood.
A Brazilian Bombshell (bombshell é um artista que causa muito impacto) era cantora, dançarina, atriz e estilista. Costurava e criava suas próprias roupas, algumas de suas fantasias de palco pesavam até 12 kilos.
Mas é engano pensar que Carmen só usava roupas caricatas. Ela era muito elegante e avant-garde, abusava de terninhos masculinos, casaquinhos, calças compridas, chapéus, sapatos, bijuterias e jóias, tudo desenhado por ela mesma e lançava tendências.
Nos Estados Unidos, inspirou chapeleiros internacionais, desbancando criações de Dior e Chanel e lançou a onda dos turbantes. “Se as mulheres, resolvem me copiar, tudo bem. Nada tenho contra – até gosto”, dizia.
Carmen era baixinha (media 1,52) e pediu à um sapateiro carioca da Rua do Catete, para fazer um sapato com 10cm de salto e sola. Nascia aí a plataforma. O calçado a livravra dos saltos finos e lhe dava elegância e originalidade. Algumas de suas plataformas chegavam à 20cm.
Essa é a maior criação de Carmen para a moda, as plataformas influenciam hoje os calçados góticos e fetichistas com saltos altíssimos e plataformas gigantescas. Também são exploradas por estilistas como Vivienne Westwood e Alexander McQueen.